A Runway Incursion (incursão de pista) é um termo utilizado na aviação para descrever qualquer evento em que uma aeronave, veículo ou pessoa não autorizada entra ou está presente na pista ativa destinada a decolagens e pousos de aeronaves. Esses incidentes representam um risco significativo de colisões e são classificados pela Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO) e a Federal Aviation Administration (FAA) em diferentes níveis de gravidade.
O conceito pode ser resumido como uma "violação" da pista de voo, onde o espaço deveria estar livre para uso exclusivo da aeronave que está pousando ou decolando.
Tipos comuns de incursão de pista incluem:
- Erro de aeronave: Quando uma aeronave entra na pista errada, cruza ou pousa em uma pista sem autorização adequada.
- Erro de veículo ou pessoa: Quando um veículo de serviço ou uma pessoa cruza ou adentra a pista de maneira não autorizada.
- Erro de controle de tráfego aéreo (ATC): Quando o controle de tráfego aéreo emite uma autorização que pode resultar em um conflito entre aeronaves na pista.
Fatores contribuintes:
- Falhas de comunicação entre os pilotos e o controle de tráfego aéreo.
- Procedimentos inadequados de operação no solo.
- Visibilidade reduzida devido a condições meteorológicas.
- Marcação ou sinalização inadequada no aeroporto.
A prevenção de incursões de pista é essencial para a segurança da aviação, e procedimentos rigorosos, treinamento e tecnologia, como sistemas de alerta de incursão, são aplicados para minimizar esses riscos.
A seguir o caso mais emblemático:
O caso mais emblemático de Runway Incursion na aviação é o acidente de Tenerife, ocorrido em 27 de março de 1977 no Aeroporto de Los Rodeos (agora conhecido como Tenerife Norte), nas Ilhas Canárias, Espanha. Este acidente envolveu dois Boeing 747 de grandes companhias aéreas, a KLM e a Pan American (Pan Am), e resultou no maior número de vítimas fatais em um único acidente aéreo na história, com 583 mortos.
Resumo do Acidente:
Devido a um ataque terrorista no aeroporto de Gran Canária, vários voos foram desviados para o Aeroporto de Los Rodeos, em Tenerife, que era menor e menos equipado. Com a pista principal congestionada e a visibilidade reduzida devido a uma forte neblina, os procedimentos de taxiamento e as comunicações entre os controladores de tráfego aéreo e os pilotos tornaram-se extremamente complicados.
A sequência de eventos:
- Pan Am 1736 (Boeing 747): O voo da Pan Am estava taxiando pela pista, tentando sair por uma interseção para deixar o caminho livre para a decolagem de outro avião.
- KLM 4805 (Boeing 747): O voo da KLM já estava alinhado na pista e, devido a um mal-entendido nas comunicações, o piloto acreditou que tinha autorização para decolar. No entanto, essa autorização não havia sido concedida, e a aeronave da Pan Am ainda estava na pista.
Incursão de pista:
A combinação de visibilidade quase zero, falhas de comunicação e interpretações equivocadas resultou na colisão entre os dois aviões. O Boeing 747 da KLM acelerou para decolagem enquanto o Pan Am ainda tentava sair da pista, e os dois colidiram.
Causas principais do acidente:
- Falha de comunicação: O capitão da KLM, devido a uma confusão nas transmissões de rádio, acreditou que já tinha a autorização para decolar, embora o controlador de tráfego aéreo ainda estivesse esclarecendo a posição da aeronave da Pan Am.
- Fatores humanos: A pressão de horários, o cansaço da tripulação e a complexidade da situação contribuíram para uma série de decisões equivocadas.
- Visibilidade limitada: A neblina densa reduziu drasticamente a visibilidade, impedindo que as tripulações de ambas as aeronaves vissem uma à outra até o momento do impacto.
Consequências:
- 583 mortos: Quase todos os ocupantes do KLM morreram imediatamente, assim como muitos no Pan Am. Alguns passageiros do Pan Am sobreviveram, mas muitos morreram devido ao incêndio subsequente.
- Mudanças na segurança da aviação: Este acidente levou a uma reformulação dos padrões de comunicação entre pilotos e controladores de tráfego aéreo, introduzindo maior clareza nas autorizações de decolagem e taxiamento. Expressões como "pronto para decolar" foram substituídas por termos mais explícitos para evitar confusões.
O acidente de Tenerife é frequentemente citado como o exemplo clássico de como uma incursão de pista, agravada por uma série de erros humanos e condições operacionais difíceis, pode levar a consequências catastróficas.
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Marcuss Silva Reis