Numa bela manhã de verão, o céu do Rio de Janeiro amanhece sereno, iluminado pelas primeiras luzes do sol. Silva, com seu C-172, decola do Velho Santos Dumont, rumo a São Pedro da Aldeia para buscar um passageiro especial: um senhor português, amigo de longa data do Sr. Sky, proprietário da aeronave.
Após a decolagem, Silva faz a curva à esquerda, seguindo a Boca da Barra, alinhando-se com a proa do corredor Alfa a 2000 pés. À esquerda, uma linda faixa de areia, e à direita, o mar azul que se estende até onde a vista alcança. O cenário é clássico, um panorama que se repete em quase todas as manhãs de verão no Rio de Janeiro.
Ao sair da Boca da Barra, Silva sintoniza a frequência de controle de tráfego aéreo. "Controle, bom dia, é o Papatango Lima Oscar Índia", e a resposta não demora: "Bom dia, Lima Oscar Índia, mantenha 2000!" Silva segue a orientação e, ao cruzar o através de Saquarema, chama o Aldeia na frequência de 119.45. A transição é suave, e o voo segue tranquilo.
O destino está perto. Silva segue uma reta final bem enquadrada para a pista de São Pedro da Aldeia. O pouso é suave, mesmo em uma pista mais estreita, mas perfeita para a manobra.
Com a missão cumprida, Silva inicia o táxi, realiza o checklist e alinha a aeronave na cabeceira da pista. Decola novamente para mais 30 minutos de voo tranquilo, sobrevoando um cenário digno de filme, com o céu limpo e o mar refletindo a luz dourada do sol.
Após o trecho, a aproximação final é tranquila na cabeceira 20 do Santos Dumont, seu local de partida e de retorno. Ele ainda teria mais três voos naquele dia, mas antes de ir à sala de tráfego para fazer a última notificação de voo, é avisado: "Silva, tem um aviso de aeródromo para hoje, indicando vento forte com rajadas no período da tarde. Amarre bem o avião quando pousar." Silva, sempre cauteloso, faz o que é recomendado.
O último voo do dia é realizado sob ventos fortes, com o tempo fechando, indicando um possível temporal à vista. Mal sabia Silva que este seria seu último voo na aeronave por um ano.
Após o pouso, Silva amarra a aeronave e desce para o subsolo do aeroporto, na sede da escola. Ele conversa com o Sr. Sky: "Avisaram na sala de tráfego que vai ter vento forte hoje à tarde, é melhor comprar novos cabos para amarrar o avião." O Sr. Sky concorda: "Ok, vou providenciar."
Silva vai para casa tranquilo, com sua missão cumprida. No entanto, como o destino gosta de pregar peças, não houve tempo para a compra dos cabos novos. O vento forte chegou antes, e o C-172 foi levado, ficando com o trem de pouso para cima.
Somente um ano depois, após a aeronave ser recuperada e reconstruída, o velho C-172 voltou a voar, continuando a viver muitas aventuras ao lado de pilotos e alunos, por mais 20 ou 30 anos.
Histórias assim, de quem viveu momentos marcantes, num tempo que já passou, hoje são lembranças que permanecem vivas nas memórias daqueles que as compartilharam. São essas memórias que fazem a aviação, e a vida, ainda mais especiais.
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Marcuss Silva Reis