✈️ Ledo Engano: Cabotagem Aérea Não É Solução Mágica para a Aviação Brasileira
Por Marcuss Silva Reis – Especialista em Transporte Aéreo
O futuro da aviação brasileira está sendo desenhado por mãos que, ao que tudo indica, desconhecem a realidade do setor e subestimam sua complexidade estratégica. A recente e polêmica proposta de liberação da cabotagem aérea para empresas estrangeiras em território nacional é, na prática, uma tentativa de solução fácil para um problema estrutural – e isso é um erro grave.
🚫 Cabotagem Aérea: Solução ou Atalho Perigoso?
A lógica defendida por alguns formuladores de política pública é a seguinte: se abrirmos o mercado doméstico a empresas estrangeiras, aumentaremos a concorrência, baratearemos os preços e melhoraremos a qualidade do serviço. Mas isso é um ledo engano.
A realidade mostra que:
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Empresas estrangeiras não virão operar em rotas regionais deficitárias. Elas vão se concentrar nos eixos rentáveis, como Rio-São Paulo-Brasília, onde já existe concorrência;
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Isso pode afundar ainda mais as empresas brasileiras, que operam sob pesadas cargas tributárias, obrigações sociais e custos regulatórios que não se aplicam a seus concorrentes internacionais;
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Ao contrário do discurso oficial, a cabotagem aérea não democratiza o acesso ao transporte, ela acentua a concentração nos grandes centros.
⚠️ Diagnóstico Errado, Remédio Inútil
Os verdadeiros problemas do setor são:
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Falta de política pública de aviação regional;
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Excesso de tributos sobre o querosene de aviação (QAV);
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Descontinuidade regulatória;
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Falta de incentivo à formação de mão de obra aeronáutica nacional;
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Ausência de uma visão estratégica de longo prazo, que insira a aviação nos objetivos do Estado.
Ignorar isso e apostar tudo na cabotagem é como dar aspirina para quem está com hemorragia interna.
🇧🇷 A Aviação Precisa de Política de Estado, Não de Intervenções Oportunistas
Em vez de soluções oportunistas, o Brasil precisa de uma visão nacional para o transporte aéreo, como fazem os EUA com o Essential Air Service, o Canadá com os programas de subsídio a voos remotos, e a Europa com fundos de conectividade regional.
A aviação é infraestrutura crítica. Não é só mercado. Ela garante:
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Integração nacional;
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Resposta a emergências e calamidades;
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Logística de saúde e educação em áreas remotas;
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Desenvolvimento turístico e econômico de regiões periféricas.
✈️ Conclusão: O Futuro da Aviação Não Pode Ser Terceirizado
Permitir a cabotagem sem equilíbrio regulatório, sem incentivo à indústria nacional e sem garantir reciprocidade é entregar o céu brasileiro sem defender os interesses do país.
O problema da aviação não é falta de concorrência. É falta de prioridade.
O Brasil precisa de planejamento, investimento e visão estratégica — e não de atalhos populistas que colocam em risco a soberania e a estrutura de um setor vital.
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Marcuss Silva Reis