O mercado da aviação utiliza o wet lease como um recurso operacional para enfrentar demandas temporárias, como picos de alta temporada ou necessidade urgente de aeronaves. Contudo, o uso contínuo ou excessivo desse tipo de arrendamento pode afetar diretamente as tripulações locais, gerando perda de oportunidades de trabalho e até demissões.
O que é Wet Lease?
O wet lease, ou arrendamento com tripulação, é um contrato onde uma empresa aérea aluga não apenas a aeronave, mas também a tripulação, seguro e manutenção. Ou seja, a empresa que contrata não opera o avião — apenas comercializa os assentos.
Essa prática, quando usada de forma excepcional, é válida e regulada. O problema começa quando o wet lease passa a substituir operações regulares e tripulações locais, o que já gerou conflitos e demissões em várias partes do mundo.
Exemplos Reais de Empresas que Usaram Wet Lease e Geraram Impactos em suas Tripulações
1️⃣ Norwegian Air Shuttle — Demissões e Conflitos Sindicais
Entre 2017 e 2020, a Norwegian Air Shuttle usou amplamente o wet lease para cobrir rotas transatlânticas, contratando empresas como HiFly e Wamos Air.
O resultado foi um conflito direto com sindicatos na Noruega, Espanha e Reino Unido, que denunciaram a substituição de tripulantes locais por estrangeiros.
Houve demissões e não renovação de contratos, principalmente em bases espanholas e britânicas.
2️⃣ Air France-KLM (Caso Joon) — Terceirização Disfarçada e Pressão Sindical
A criação da Joon, subsidiária da Air France, gerou revolta entre os tripulantes da empresa-mãe.
O uso de wet lease na Joon foi visto como uma estratégia para reduzir salários e direitos trabalhistas.
A pressão sindical foi tanta que a Air France extinguiu a Joon em 2019, após acusações de precarização e desvio de oportunidades de trabalho.
3️⃣ Avianca Holdings — Crise e Corte de Tripulações Locais
Na Colômbia, a Avianca Holdings enfrentou crise financeira e optou pelo wet lease para manter algumas rotas em operação.
O resultado? Dispensa de tripulantes colombianos, com alegações de que as contratações temporárias de aeronaves e tripulações estrangeiras estavam enfraquecendo o mercado local.
4️⃣ Alitalia — Demissões em Massa e Reação Política
A italiana Alitalia, entre 2015 e 2017, recorreu ao wet lease para sustentar operações durante seu período crítico.
Esse movimento levou a protestos e demissões em massa, sendo alvo de intensos debates políticos sobre a proteção do trabalho nacional e a soberania da aviação italiana.
Por que o Uso Indevido do Wet Lease Preocupa?
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Substituição de empregos locais por tripulações estrangeiras
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Desvalorização das categorias profissionais da aviação
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Riscos operacionais relacionados à padronização e segurança de voo
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Precedentes de precarização trabalhista
Conclusão: O Wet Lease Precisa Ser Excepcional — Não Regra
O wet lease é uma ferramenta válida quando utilizada com responsabilidade e de forma pontual. Porém, o histórico recente da aviação mundial mostra que seu uso indiscriminado pode resultar em demissões, precarização do trabalho e conflitos sindicais.
É fundamental que governos e autoridades aeronáuticas fiscalizem e regulem o uso do wet lease para garantir a proteção do emprego, a segurança de voo e a soberania nacional no setor aéreo.
Aqui está uma porta de entrada para um novo e complexo capítulo na Aviação Civil Brasileira.
ResponderExcluirNão bastassem os problemas estruturais e crises financeiras produzidas por má administração e a disparidade do dólar, que é o regulador de preços na Aviação Civil, agora temos o milagre da arrecadação sem compromisso, que vai levar empresas à banca rota.
O Wet Leasing será utilizado para cobrir as deficiências operacionais e de equipamento que já existem e já geraram dívidas impagáveis, os assentos serão comercializados e os pretensos lucros serão utilizados na quitação de outros compromissos já vencidos ou de curto prazo.
Resultado: Estas empresas não resistirão à próxima baixa temporada. Vão morrer na praia! Nelson Oro.