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domingo, 3 de agosto de 2025

Economia de Escala no Transporte Aéreo: Por que Companhias Menores Têm Mais Dificuldade?

 


Economista, piloto e perito judicial em aviação. Pós-graduado em Ciências Aeronáuticas, Segurança da Aviação Civil e Docência do Ensino Superior.

Resumo

Este artigo analisa o papel da economia de escala no setor do transporte aéreo, com ênfase nos desafios enfrentados por companhias aéreas regionais e startups de aviação. Através de uma abordagem microeconômica, discute-se como a escala influencia a estrutura de custos, a eficiência operacional e a competitividade no mercado. O estudo também propõe estratégias para mitigar essas desvantagens.

Introdução

O setor aéreo é marcado por elevada intensidade de capital, alto custo fixo e forte regulação. Dentro desse contexto, a economia de escala assume papel central para a viabilidade econômica das companhias aéreas. Empresas que operam em grande escala tendem a apresentar menor custo médio por assento-quilômetro disponível (ASK), ampliando sua margem competitiva.

Já companhias regionais ou startups, com menor escala de operação, enfrentam dificuldades significativas para se manterem competitivas, o que explica a alta taxa de mortalidade dessas empresas em mercados abertos.

Conceito de Economia de Escala

Em microeconomia, economia de escala refere-se à redução do custo médio de produção à medida que a quantidade produzida aumenta (MANKIW, 2020). No setor aéreo, essa lógica se traduz na redução do custo médio por voo ou por passageiro à medida que a companhia amplia sua rede, frota e frequência de voos.

Como a Escala Afeta os Custos Operacionais

1. Diluição dos Custos Fixos

Empresas maiores diluem custos fixos (leasing de aeronaves, seguro, sistema de reservas, treinamento de tripulações) por um volume muito maior de voos e passageiros, reduzindo significativamente o custo médio por assento.

2. Negociação com Fornecedores

Com maior volume de compra, empresas de grande porte negociam melhores condições para combustível (QAV), manutenção, peças, serviços aeroportuários e até financiamento de aeronaves.

3. Padronização de Frota

Companhias como Ryanair ou Southwest, por exemplo, operam com frotas padronizadas, o que reduz custos de manutenção, treinamento e estoque de peças — uma vantagem competitiva típica da escala.

O Dilema das Companhias Aéreas Pequenas

Companhias menores, especialmente regionais, enfrentam uma realidade oposta:

  • Custo médio elevado, pois não conseguem diluir suas despesas fixas de forma eficiente;

  • Frota limitada, dificultando a padronização e a manutenção escalável;

  • Baixa frequência, o que reduz a atratividade para passageiros corporativos e compromete o load factor;

  • Dificuldade de acesso a aeroportos centrais, dominados pelas grandes operadoras com slots prioritários;

  • Menor poder de barganha, o que aumenta o custo do QAV, seguro e leasing.

Aviação Regional e as Barreiras de Sustentabilidade

A aviação regional, apesar de estratégica para a integração nacional, opera com margens muito estreitas. A ausência de políticas públicas estáveis de incentivo (como subsídios diretos, isenção de ICMS sobre o QAV ou garantias de mínimo de receita) torna a operação em pequenas cidades economicamente inviável para muitas empresas.

Segundo Button (2010), o transporte aéreo regional tende a funcionar melhor quando existe uma estrutura pública de apoio, seja por meio de incentivos financeiros ou contratos de obrigação de serviço público (OSP).

Possíveis Estratégias para Pequenas Operadoras

Apesar das desvantagens, companhias menores podem adotar algumas estratégias para viabilizar suas operações:

  • Parcerias de interline ou codeshare com grandes empresas;

  • Exploração de nichos logísticos ou aeromédicos;

  • Uso de aeronaves com menor custo operacional por trecho curto;

  • Modelos de negócios flexíveis, como voos sob demanda ou híbridos (linha + fretamento).

Conclusão

A economia de escala no transporte aéreo é um dos principais fatores de sucesso para companhias que operam em mercados competitivos. A dificuldade das companhias menores decorre, em grande parte, de sua incapacidade de atingir volumes suficientes para reduzir seus custos médios.

Compreender essas limitações é essencial para o desenho de políticas públicas de aviação regional e também para investidores e gestores que pretendem atuar no setor com realismo econômico.

Bibliografia

  • BELLOBABA, Peter; ODONI, Amedeo; BARNHART, Cynthia. The Global Airline Industry. 2ª ed. Wiley, 2015.

  • BUTTON, Kenneth. Transport Economics. 3ª ed. Edward Elgar Publishing, 2010.

  • DOGANIS, Rigas. Flying Off Course: Airline Economics and Marketing. 5ª ed. Routledge, 2019.

  • MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia. 8ª ed. Cengage Learning, 2020.

  • REIS, Marcuss Silva. Notas de Aula – Economia Aplicada à Aviação, Instituto do Ar, 2023-2025.

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Marcuss Silva Reis