No último domingo (28/07), mais um episódio lamentável expôs uma ferida aberta nos bastidores da aviação brasileira: a violência contra profissionais que estão apenas cumprindo seu trabalho.
A vítima da vez foi Camila G., atendente da LATAM no Aeroporto Internacional de Guarulhos (GRU), agredida fisicamente por um passageiro revoltado com a perda de conexão causada por condições meteorológicas adversas. Mesmo tentando ajudá-lo — inclusive traduzindo as informações no celular — Camila teve três dedos da mão deslocados. A cena foi chocante, mas infelizmente não foi um caso isolado.
Segundo a própria companhia aérea, apenas em julho foram registrados mais de 10 episódios de agressão física contra funcionários no mesmo aeroporto. E este é apenas um recorte.
Trata-se de um padrão recorrente, que se repete em saguões, filas de check-in, portões de embarque e até a bordo das aeronaves. Profissionais da linha de frente — agentes de aeroporto, comissários, tripulantes e técnicos — são alvo de ofensas, ameaças e agressões, muitas vezes sem qualquer consequência legal ou administrativa para os agressores.
A banalização da violência.
A aviação é um setor altamente regulado, onde atrasos e cancelamentos não são escolhas comerciais, mas imposições operacionais e meteorológicas. Quando um voo atrasa por baixa visibilidade, tempestade ou vento de cauda, a prioridade é preservar vidas.
Por trás de cada decisão técnica está o trabalho de profissionais treinados, comprometidos com a segurança. E ainda assim, são esses mesmos profissionais que acabam expostos ao descontrole emocional, à intolerância e à impunidade.
É urgente uma resposta institucional.
É inaceitável que aeroportos — ambientes sob jurisdição federal — se tornem zonas de risco para quem trabalha. É hora de ações concretas por parte das autoridades aeronáuticas, companhias aéreas e poder público.
Propomos:
✅ A criação de uma lista nacional de passageiros com histórico de conduta violenta, impedidos de embarcar temporária ou definitivamente;
✅ Aplicação de multas administrativas, cancelamento de passagens e responsabilização civil e penal dos agressores;
✅ Protocolos padronizados de proteção e suporte psicológico às vítimas, incluindo afastamento remunerado quando necessário;
✅ Instalação de câmeras, sinalização clara e presença ostensiva de agentes federais em áreas sensíveis;
✅ Inclusão do tema na formação de novos profissionais e em campanhas de conscientização voltadas ao público.
Profissionais da aviação merecem respeito.
A aviação exige excelência técnica, responsabilidade e resiliência. Mas nenhum trabalhador deveria ser submetido à violência por cumprir sua função — muito menos em um setor que opera sob pressão constante, com foco em segurança e precisão.
Chegou o momento de dizer basta. Não podemos mais naturalizar o absurdo.
Respeito é o mínimo.
📌 Fonte de consulta: @modoaviaocomissarios

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Marcuss Silva Reis