Em 17 de julho de 2022, um acidente envolvendo a aviação geral nos Estados Unidos ganhou repercussão mundial. Um Piper PA-46-350P (asa baixa, matrícula N97CX) e um Cessna 172N (asa alta, matrícula N160RA) colidiram durante a aproximação final em North Las Vegas (Nevada).
As duas aeronaves transportavam dois ocupantes cada, totalizando quatro fatalidades. O caso reforça os riscos em operações visuais na aviação geral e a importância da coordenação entre pilotos e controle de tráfego aéreo.
Dinâmica do acidente
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O Piper PA-46 vinha de um voo IFR e foi orientado a ingressar no circuito esquerdo para pouso na pista 30L.
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O Cessna 172, em voo de instrução, operava no circuito direito da pista 30R, autorizado para aproximação curta.
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O Piper, em curva descendente contínua, alinhou-se por engano com a pista 30R, onde já se encontrava o Cessna.
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A colisão ocorreu a apenas 0,25 milha náutica da cabeceira.
Fatores contribuintes
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Visibilidade limitada
Apesar das condições meteorológicas visuais, os estudos mostraram que a configuração asa baixa (Piper) e asa alta (Cessna) dificultou o princípio do “ver e evitar”. -
Velocidade acima da nominal
O Piper estava entre 21 e 38 nós mais rápido que a velocidade recomendada de aproximação. -
Procedimento novo e pouco familiar
O sobrevoo do aeroporto e ingresso no tráfego era uma técnica recém-implementada pela torre, pouco conhecida pelos pilotos. -
Fatores humanos
O comandante do Piper tinha problemas cardiovasculares e perda auditiva, mas não há evidências de que isso tenha sido determinante. -
Controle de tráfego aéreo (ATC)
O controlador não repassou informações de tráfego entre as aeronaves e deixou de monitorar o conflito após autorizar o pouso. -
Deficiência estrutural
A torre sofria com escassez de pessoal. Controladores acumulavam 400 a 500 horas extras por ano, afetando treinamento e supervisão.
Conclusão
O NTSB concluiu que a causa provável foi a falha do piloto do Piper em alinhar corretamente a aeronave com a pista 30L, resultando no impacto com o Cessna em aproximação para a pista paralela.
Contribuíram para a tragédia:
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Omissão do controlador em fornecer informações de tráfego.
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Deficiência de pessoal e sobrecarga da torre.
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Execução inadequada de um procedimento novo, pouco dominado pela tripulação.
Reflexão para a aviação geral
Esse acidente mostra como a aviação geral, especialmente em aeródromos movimentados, pode estar sujeita a riscos sérios mesmo em condições visuais ideais. A soma de excesso de velocidade, fatores humanos, deficiências no ATC e falta de familiaridade com procedimentos formou a cadeia que culminou na colisão.
Mais uma vez, fica claro que a segurança de voo depende da soma de boas práticas operacionais, controle eficiente e treinamento contínuo — tanto de pilotos quanto de controladores.

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Marcuss Silva Reis