Na manhã desta terça-feira, o Aeroporto Santos Dumont (SDU), no Rio de Janeiro, precisou interditar temporariamente sua pista principal após o derramamento de óleo detectado em parte da área operacional. O incidente levou à suspensão das operações de pouso e decolagem por várias horas, afetando passageiros e companhias aéreas — mas acima de tudo, refletindo a prioridade absoluta à segurança operacional.
Segundo informações divulgadas, o vazamento foi causado por um veículo de serviço em solo que perdeu fluido hidráulico ou óleo de motor durante a madrugada. Tão logo o problema foi identificado, foram acionadas as equipes de emergência de manutenção e limpeza, dando início a um processo meticuloso de descontaminação da pista, utilizando agentes específicos para absorção e remoção segura de resíduos oleosos.
Segurança operacional e certificação: prioridade máxima
É importante reforçar que a interdição da pista de um aeroporto é uma medida prevista em protocolos internacionais e regulatórios, respaldados por normas da ICAO (Organização da Aviação Civil Internacional) — em especial o Anexo 14, que trata da infraestrutura física e operação segura de aeródromos.
No Brasil, a certificação de aeródromos públicos como o Santos Dumont segue rigorosamente os critérios estabelecidos pelo RBAC 139 – Regulamento Brasileiro da Aviação Civil n.º 139, editado pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Esse regulamento define os requisitos técnicos, operacionais, de segurança e manutenção que devem ser observados continuamente por aeroportos que desejam manter sua certificação vigente.
Entre os requisitos estão:
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Plano de emergência aeroportuária (PEA)
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Manual do operador aeroportuário
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Plano de gerenciamento da segurança operacional (SGSO)
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Treinamento das equipes em resposta a incidentes com fluídos contaminantes
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Inspeções regulares de atrito e condições da pista (friction tests)
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Ações corretivas antes da retomada das operações
O Santos Dumont é um aeroporto certificado pela ANAC conforme o RBAC 139 e passa regularmente por auditorias e inspeções operacionais para garantir a conformidade com as exigências técnicas. A liberação da pista só é possível após laudo técnico comprovar que os níveis de aderência e atrito estão dentro dos parâmetros regulamentares e que não há risco para as operações aéreas.
A complexidade de manter um aeroporto urbano seguro
O caso chama ainda mais atenção pelo fato de o Santos Dumont ser um aeroporto urbano, localizado no coração do Rio de Janeiro. Inaugurado em 1936, o SDU foi construído em uma época na qual as aeronaves eram menores, mais leves e voavam a velocidades bem inferiores às atuais.
Com o tempo, o aeroporto passou por diversas modernizações, adaptações e reestruturações, mas manteve sua característica fundamental: operar dentro de um espaço físico limitado, cercado pela Baía de Guanabara de um lado e áreas urbanas densamente ocupadas de outro.
Esse cenário impõe grande complexidade à gestão aeroportuária, já que qualquer incidente operacional pode ter reflexos não apenas sobre os passageiros, mas também sobre toda a cidade. Assim, a interdição da pista por óleo não é apenas um problema técnico; é uma questão de preservação da segurança coletiva, da integridade dos usuários e da confiança nas operações aéreas.
Compromisso com a aviação segura e sustentável
Importante lembrar que o Santos Dumont é certificado pela ACI (Airports Council International) no programa Airport Carbon Accreditation, nível 1, o que significa que o aeroporto realiza monitoramento sistemático das emissões de carbono e impactos ambientais das operações. Incidentes como o de hoje são tratados com extremo rigor, respeitando normas técnicas, ambientais e operacionais, inclusive na forma de destinação correta dos resíduos removidos.
Além disso, a Infraero, responsável pela gestão do SDU, mantém uma política ativa de capacitação de pessoal, treinamentos em segurança operacional e programas de qualidade, auditados por órgãos como a ANAC, DECEA, ACI e conforme as diretrizes da ICAO.
Conclusão
A interdição da pista do Aeroporto Santos Dumont por derramamento de óleo é um episódio que, embora impactante no curto prazo, reforça a solidez dos protocolos de segurança operacional da aviação civil brasileira. A pronta resposta das equipes técnicas e a decisão de só retomar as operações após total garantia da segurança demonstram o alinhamento do aeroporto com os mais elevados padrões internacionais de segurança aérea.
Operar um aeroporto urbano em uma cidade como o Rio de Janeiro exige mais que técnica: exige responsabilidade, vigilância constante e compromisso com a vida. Essa é a missão de quem está à frente de um dos aeroportos mais importantes do Brasil.

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Marcuss Silva Reis