Pane Seca em um Cessna 421B: lições de um acidente em Nebraska
No dia 16 de julho de 2022, um Cessna 421B, matrícula N21GF, sofreu um acidente próximo a Riverdale, no estado de Nebraska (EUA). Apesar dos danos substanciais à aeronave, os dois pilotos e quatro passageiros tiveram muita sorte: apenas um ocupante sofreu ferimentos leves.
O voo que terminou em um milharal
A aeronave havia decolado de Goodland, Kansas (GLD), às 15h20, com destino ao pequeno aeroporto de Riverdale (43NE). O piloto reportou que havia abastecido a aeronave com cerca de 110 galões de combustível antes da partida. O plano inicial era realizar um pouso direto na pista 35, mas, em voo, decidiu ingressar no tráfego para a pista 17.
Durante a aproximação, com trem de pouso e flaps estendidos, o piloto percebeu que estava mal posicionado para o pouso. Optou, então, por arremeter. Ao aplicar potência, o motor esquerdo falhou. Sem tempo para corrigir, a aeronave desceu e colidiu com um milharal, sofrendo graves danos estruturais — as asas ficaram esmagadas em mais de 10% da envergadura.
Sinais de pane seca
O copiloto relatou que, já na curta final, ambos os motores começaram a “engasgar, como em pane seca”. Ele estimou que o consumo dos dois motores girava em torno de 40 a 45 galões por hora, e acreditava que havia 80 galões disponíveis no momento do acidente.
A investigação pós-acidente revelou um quadro clássico:
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O tanque principal esquerdo se soltou no impacto e estava vazio.
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O tanque principal direito continha apenas 1 galão de combustível.
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O tanque auxiliar direito tinha cerca de 5 galões.
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Os tanques auxiliares e de nacele da esquerda estavam vazios.
Ou seja: não houve falha mecânica — apenas falta de combustível utilizável.
O que podemos aprender
Acidentes por pane seca continuam sendo frequentes, mesmo entre pilotos experientes. No caso do Cessna 421B, os dois aviadores tinham milhares de horas de voo — um deles, mais de 23.000 horas totais. Ainda assim, a gestão de combustível falhou.
Esse episódio reforça a importância de:
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Planejar sempre com margens de segurança adequadas.
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Monitorar o consumo real em voo, e não apenas confiar em estimativas.
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Checar o funcionamento correto dos indicadores de combustível.
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Lembrar que, em aeronaves complexas, o gerenciamento de tanques é crítico.
Conclusão
A causa provável do acidente foi a perda total de potência devido à exaustão de combustível. Felizmente, neste caso, ninguém perdeu a vida. Mas o episódio serve como alerta: a pane seca é evitável e continua sendo um dos erros mais básicos e perigosos da aviação.

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Marcuss Silva Reis