O Relatório Final do NTSB sobre o acidente com a aeronave Beech 77 N18244, ocorrido em Hemet, Califórnia, em 7 de junho de 2022, revela detalhes importantes sobre o que levou à queda da aeronave de instrução, resultando na morte do aluno piloto.
Experiência de voo do aluno piloto
De acordo com o relatório oficial do NTSB, o piloto em treinamento possuía 124,4 horas totais de voo, sendo 66,5 horas nesse mesmo tipo e modelo de aeronave.
O diário de voo mostrava que ele já havia pilotado oito aeronaves diferentes, sendo seis de fabricantes e modelos distintos, enquanto acumulava experiência prática com a escola de aviação responsável pela operação do voo acidentado.
O voo solo e a perda de potência do motor
Durante o segundo voo solo de navegação, o aluno voou cerca de 25 milhas ao sul até Hemet, na Califórnia, para realizar pousos e decolagens de treinamento.
Enquanto seguia pela perna do vento (downwind leg) do circuito de tráfego do aeroporto, outro piloto — que também voava na região — relatou ter ouvido um chamado de emergência no rádio, no qual o aluno informava perda de potência no motor.
A tentativa de pouso e o impacto com o muro
O estudante tentou pousar na pista 23, mas acabou ultrapassando o ponto planejado de toque e transmitiu que iria arremeter.
Durante a manobra, ele fez uma curva à esquerda, e a aeronave tocou o solo em um campo de terra, cerca de 1,6 km (1 milha) após o final da pista.
A aeronave deixou marcas de impacto por cerca de 665 pés (203 metros) até colidir com um muro de blocos de concreto de 2,4 metros de altura, próximo a uma área residencial.
O impacto foi de alta energia, e a força da colisão fez com que o motor, a cabine e as asas atravessassem o muro, gerando danos térmicos e estruturais severos.
Indícios técnicos e hipóteses do acidente
Apesar dos danos, a válvula seletora de combustível estava na posição “Ligado (ON)”, e não foram encontradas falhas mecânicas anteriores ao impacto.
A hélice apresentava curvaturas em “S” e riscos no sentido da corda, típicos de motor em funcionamento no momento do impacto.
O relatório do NTSB destaca ainda que as condições meteorológicas favoreciam a formação de gelo no carburador, o que pode ter provocado perda parcial de potência.
Com pouca experiência de voo, o aluno provavelmente entrou na aproximação final em velocidade excessiva, ultrapassando o ponto de toque planejado e perdendo o controle da trajetória durante a tentativa de arremetida.
Causa provável segundo o NTSB
“Falha do aluno piloto em manter distância de um muro de blocos de concreto durante uma manobra de arremetida.”
Em resumo, a combinação de fatores — possível formação de gelo no carburador, perda parcial de potência e falta de experiência do piloto — resultou em uma tentativa de arremetida malsucedida, culminando na colisão fatal.
Lições para a formação de pilotos
Este acidente ressalta a importância de:
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Treinar a tomada de decisão em situações de perda de potência parcial;
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Compreender os efeitos do gelo no carburador, especialmente em aeronaves a pistão;
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Executar corretamente o procedimento de arremetida e o controle de velocidade na aproximação;
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Manter a consciência situacional durante voos solo em fase de instrução.

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Marcuss Silva Reis