Os Estados Unidos enfrentam uma das piores crises aéreas de sua história recente. Pelo terceiro dia consecutivo, mais de mil voos foram cancelados neste domingo, 10 de novembro de 2025, devido à escassez de controladores de tráfego aéreo provocada pelo shutdown do governo federal, que já completa 41 dias, tornando-se o mais longo da história norte-americana.
De acordo com o portal FlightAware, foram 1.034 cancelamentos e cerca de 3.800 atrasos apenas neste domingo. Os aeroportos mais afetados incluem Charlotte (Carolina do Norte), Newark, John F. Kennedy (JFK) e LaGuardia em Nova Iorque, além de Chicago O’Hare e Atlanta Hartsfield-Jackson, que registram congestionamento constante nas áreas de solo e controle de tráfego.
Atrasos e caos operacional nas principais companhias
Os terminais da área metropolitana de Nova Iorque concentram os atrasos mais severos. Segundo a CNN, os pousos no JFK enfrentam espera média de duas horas e quarenta minutos, enquanto as decolagens são retardadas em cerca de 100 minutos.
Em Newark, os atrasos ultrapassam quatro horas, e em LaGuardia, cerca de sessenta minutos.
As companhias American Airlines, Southwest, United, Delta e JetBlue figuram entre as mais afetadas, obrigadas a cancelar ou reprogramar centenas de voos. O cenário impacta diretamente conexões domésticas, transporte de cargas e a malha aérea interna — especialmente nos horários de pico entre os grandes hubs.
Impactos na aviação de táxi-aéreo e voos privados
A crise não se limita às operações comerciais. A aviação executiva e de táxi-aéreo também enfrenta fortes restrições operacionais.
Empresas que operam voos charter e corporativos relatam demoras nas liberações de plano de voo, restrições temporárias de decolagem e pouso e aumento do custo operacional devido a longas esperas em solo e redirecionamentos de rota.
Nos principais aeroportos executivos, como Teterboro (Nova Jérsei), Van Nuys (Los Angeles), Naples (Flórida) e Addison (Texas), há relatos de aeronaves aguardando mais de 90 minutos para autorização de partida, mesmo com baixa densidade de tráfego local.
Operadores de táxi-aéreo indicam também queda no número de slots disponíveis e atrasos em voos médicos e de evacuação corporativa, que dependem de priorização do controle aéreo.
A NBAA (National Business Aviation Association) divulgou nota neste domingo pedindo tratamento prioritário a voos de missão essencial, como transporte de órgãos, voos sanitários e emergências corporativas, alertando que o prolongamento da crise “coloca em risco toda a cadeia logística e de serviços especializados da aviação executiva norte-americana”.
Escassez de pessoal e medidas emergenciais
A Administração Federal de Aviação (FAA) confirmou interrupções temporárias nos centros de controle de Chicago e Nova Iorque, motivadas pela falta de profissionais.
O Departamento de Transportes ordenou redução de 10% no volume total de tráfego aéreo, com possibilidade de ampliar para 20% caso o impasse político continue.
Desde o início do shutdown, mais de 2.000 controladores aéreos já pediram demissão, agravando o déficit operacional.
Mesmo considerados trabalhadores essenciais, os controladores permanecem sem receber salário há seis semanas, o que tem gerado exaustão, afastamentos e falhas de escala.
Alerta do governo e incertezas no Congresso
O secretário dos Transportes, Sean Duffy, alertou neste domingo que, se o governo não for reaberto até terça-feira, “o caos nos céus americanos será inevitável”.
O Senado norte-americano mantém sessão contínua para tentar aprovar um acordo orçamentário e encerrar o impasse que já afeta infraestruturas críticas, companhias aéreas e operadores privados.
Enquanto isso, companhias, pilotos e operadores de aviação geral seguem lidando com um cenário de atrasos imprevisíveis, aumento de custos e insegurança operacional, em um dos momentos mais delicados da história recente da aviação nos Estados Unidos.

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Marcuss Silva Reis