trem bala

O Globo - 28/06/2013

Passageiros trocam a tradicional ponte-aérea Rio-SP



Trem-bala: governo desiste de empreiteiras

Elas não serão mais sócias do governo na obra, que deve ser fatiada em trechos e envolver prefeituras. ECONOMIA, PÁGINA 28

BRASÍLIA – A saturação do eixo Congonhas-Santos Dumont está levando passageiros de viagens aéreas entre Rio e São Paulo a passar pelos aeroportos de Viracopos, Galeão (Tom Jobim) e Guarulhos. São instalações que ficam mais distantes dos centros urbanos, mas que já foram ou serão concedidas à iniciativa privada ainda neste ano, caso do aeroporto do Rio.

No ano passado, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civis (Anac) compilados pela Empresa de Planejamento e Logística (EPL), tiveram origem e destino nesses aeroportos 53% dos voos da ponte-aérea. Em 2008, essa fatia era maior, de 72%.

Diante do esgotamento da capacidade da infraestrutura e da concorrência com outras rotas, no ano passado, o número de passageiros voando entre os dois principais aeroportos urbanos caiu pela primeira vez desde 2008, de 4,005 milhões em 2011 para 3,985 milhões no ano passado. Há cinco anos, eram 3,212 milhões fazendo essa rota durante todo o ano.
Recorde em Campinas


Desde 2008, o número de passageiros aéreos entre Rio e São Paulo saltou 68%, enquanto os voos entre Congonhas e Santos Dumont subiram só 24%. Isso significa que os dois aeroportos já concedidos à iniciativa privada (Viracopos e Guarulhos), e o Galeão, que ainda será concedido, estão "roubando" participação do mercado da ponte-aérea dos demais. A principal alternativa para o voo entre Rio e São Paulo passou a ser o eixo Galeão-Viracopos, que cresceu quase cinco vezes nos últimos cinco anos.

Foi o aeroporto na cidade de Campinas que mais cresceu em volume de passageiros nos últimos cinco anos em viagens ao Rio, segundo os dados do governo. Os voos que saíram ou chegaram no Rio por Viracopos em 2008, ano em que a Azul começou a operar no aeroporto, levaram apenas 197 mil passageiros. No ano passado, passaram por Campinas 1,675 milhão de pessoas com destino ao Galeão ou ao Santos Dumont. É o equivalente a 22% do número de passageiros da ponte-aérea.
‘Mais aviões não é solução sustentável’


O crescimento da procura pela ponte-áerea nos últimos anos assegura a demanda pelo Trem de Alta Velocidade (TAV), na visão do presidente da EPL, Bernardo Figueiredo. Ontem, ele lembrou que, em 2011, já foi atingida a previsão de fluxo na ponte-aérea de sete milhões de pessoas, prevista em 2008 para ser atingida apenas em 2014, segundo estudo da consultoria Halcrow, que tem sido usado como referência pelo governo. No ano passado, esse número encostou em 7,5 milhões de passageiros.

— Não existem soluções sustentáveis entre o eixo Rio-São Paulo que não seja pela ferrovia, e ferrovia de alta velocidade — disse Figueiredo. — A alternativa de construir mais aeroportos e colocar mais aviões no ar não é sustentável por nenhum ponto de vista, nem econômico, nem físico, nem ambiental, nem social. O trem é sustentável, e dizer que não fazer o TAV gera recursos públicos que resolvem o problema da mobilidade é algo falso.

Segundo ele, o investimento de R$ 35 bilhões previstos para o trem-bala poderia, com investimentos adicionais ao longo do tempo, elevar a capacidade do TAV para transportar até 200 milhões de passageiros por ano no longo prazo — enquanto seriam necessárias quantias muito maiores para elevar essa capacidade de transporte pelo ar. Pela projeção da Halcrow, em 2014 a demanda pelo TAV seria de 32,6 milhões de passageiros e chegaria a 100 milhões em 2044.
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