A legislação referente à fadiga na aviação busca garantir que tripulantes, operadores e gestores de empresas aéreas adotem práticas que minimizem os riscos associados à fadiga, promovendo a segurança operacional. Essa regulamentação é geralmente baseada em diretrizes internacionais e é adaptada pelas autoridades de aviação civil de cada país. Veja as principais legislações e orientações:
1. Normas Internacionais: ICAO
A Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) estabelece padrões globais e recomendações através do Anexo 6 – Operação de Aeronaves. Este anexo inclui:
- Gerenciamento de Riscos de Fadiga (FRMS - Fatigue Risk Management System): Um sistema baseado em evidências científicas que permite às empresas aéreas gerenciar a fadiga de forma personalizada, levando em conta os tipos de operação.
- Limites de Jornada e Descanso: Estabelece requisitos mínimos de descanso entre turnos e limites para tempo de voo e de serviço.
2. Regulamentação no Brasil: ANAC
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) regulamenta a fadiga no Brasil por meio do Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (RBAC) 117, que aborda os limites de jornada e descanso da tripulação. Principais pontos:
- Jornada de Trabalho:
- Máximo de 11 horas de jornada em operações diurnas.
- Máximo de 9 horas de jornada em operações noturnas.
- Descanso Entre Jornadas:
- No mínimo 12 horas de descanso em operações regulares.
- Descanso prolongado após voos de longa duração ou escalas consecutivas.
- Limite Mensal e Anual:
- Limite de 85 horas de voo por mês.
- Limite de 1000 horas de voo por ano.
3. Regulamentação nos Estados Unidos: FAA
A Federal Aviation Administration (FAA) regula a fadiga nos EUA por meio da Parte 117 do FAR (Federal Aviation Regulations). Destaques incluem:
- Limites Baseados no Ritmo Circadiano:
- Limites diferentes para voos diurnos e noturnos.
- Fatores de Mitigação:
- Considera fatores como número de segmentos de voo e fusos horários cruzados.
- Descanso Mínimo:
- Pelo menos 10 horas de descanso, incluindo 8 horas ininterruptas de sono.
4. Regulamentação na União Europeia: EASA
A European Union Aviation Safety Agency (EASA) regula a fadiga por meio do Flight Time Limitations (FTL). Elementos principais:
- Duração Máxima de Jornada:
- 13 horas para operações diurnas.
- Redução para 11 horas em operações noturnas.
- Gestão de Riscos:
- Implementação obrigatória de um FRMS para operadores com operações complexas.
- Descanso no Local:
- Áreas adequadas para descanso em voos longos são exigidas.
5. Outros Marcos Importantes
- OIT (Organização Internacional do Trabalho):
- Estabelece princípios gerais de proteção contra a exaustão no trabalho.
- Convenção Coletiva de Trabalho (CCT):
- Em alguns países, sindicatos de aeronautas negociam condições adicionais específicas de jornada e descanso.
Gerenciamento de Fadiga na Prática
Além dos regulamentos, a implementação de um Sistema de Gerenciamento de Riscos de Fadiga (FRMS) é altamente incentivada. Ele permite que operadores ajustem os limites com base em dados reais e monitoramento contínuo das condições operacionais, sempre respeitando as diretrizes mínimas legais.
Conclusão
A legislação sobre fadiga na aviação é complexa e varia conforme a jurisdição, mas é amplamente guiada pelos princípios estabelecidos pela ICAO. No Brasil, o RBAC 117 da ANAC é a principal norma a ser seguida. Operadores e tripulantes devem estar atentos às regulamentações locais e adotar práticas proativas para gerenciar a fadiga, garantindo a segurança de voo e o bem-estar dos profissionais.
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Marcuss Silva Reis