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Bem-vindo ao Instituto do Ar, um blog dedicado ao fascinante mundo da aviação. Nossa missão é fornecer conteúdo de alta qualidade, rigorosamente pesquisado, sobre diversos aspectos da aviação, desde a teoria e prática do voo até as políticas e tecnologias que moldam a indústria.Utilizo IA na confeção dos textos porém os temas são elencados por mim juntamente com os ajustes e correções!Desejo uma ótima leitura a todos!

domingo, 13 de julho de 2025

Formação de Pilotos no Brasil: Vale a Pena Fazer Ciências Aeronáuticas?

 


Por décadas, o caminho tradicional para se tornar piloto no Brasil era bem conhecido: o aluno comprava o material teórico, estudava para a banca da ANAC, voava em um aeroclube, fazia o voo de cheque e recebia o brevet de Piloto Privado (PP). Depois, seguia para o curso de Piloto Comercial (PC), acumulava horas e, com o tempo, tentava ingressar no mercado de trabalho.

Era um caminho direto, centrado na prática e na obtenção de brevets. Mas os tempos mudaram. E hoje, o mercado espera — e precisa — muito mais do que só bons voadores.

Cursos superiores em Ciências Aeronáuticas: para quem são?

Muita gente acredita que os cursos de Ciências Aeronáuticas ou Aviação Civil são voltados apenas a quem deseja voar em companhias aéreas. Mas isso é um erro comum. O setor mais carente e, ao mesmo tempo, mais exigente de profissionais com formação técnica sólida é justamente a aviação geral.

Na aviação executiva, no táxi-aéreo, nas empresas privadas que operam suas próprias aeronaves, no campo agrícola e até no transporte aéreo não regular, o piloto costuma ser também o gestor, o consultor e o elo entre o proprietário e o setor técnico. Muitas vezes, é ele quem:

  • Decide sobre a compra ou venda de uma aeronave

  • Administra a agenda e o uso racional da frota

  • Coordena o RH e a logística de operação

  • Supervisiona a manutenção e o cumprimento de diretrizes técnicas

  • Responde pelas práticas de segurança, documentação e regulamentação

Ou seja: na aviação geral, o piloto é, na prática, um gestor aeronáutico multifunção — e precisa estar preparado para isso.

O que os cursos oferecem — ou deveriam oferecer.

Os bons cursos superiores de aviação vão muito além da formação para o voo. Eles incluem disciplinas como:

  • Fatores Humanos e CRM

  • Gestão de Manutenção Aeronáutica

  • Regulamentação e Direito Aeronáutico

  • Segurança Operacional e Análise de Risco

  • Planejamento de Operações e Logística Aérea

  • Inglês Técnico e Padrão ICAO

  • Gestão empresarial e tomada de decisão aplicada à aviação

E, fundamental nos dias de hoje: a formação voltada para aeronaves remotamente pilotadas (RPAs) — os populares drones.

Gestão de Drones: a nova fronteira da aviação

A formação superior em Ciências Aeronáuticas precisa incluir — e em muitos casos ainda não inclui adequadamente — a gestão técnica, operacional e regulatória de drones, que hoje já são amplamente utilizados em:

  • Levantamento topográfico e georreferenciamento

  • Monitoramento ambiental e agrícola

  • Vigilância patrimonial e de infraestrutura

  • Fotografia e vídeo aéreo profissional

  • Apoio à segurança pública e à defesa civil

  • Inspeções em áreas de risco ou de difícil acesso

A operação de drones não é apenas uma “modalidade à parte” da aviação: é parte do mesmo ecossistema, e exige conhecimento técnico, jurídico, logístico e ético. Um profissional que se forma em Ciências Aeronáuticas sem dominar essa frente está saindo para o mercado com uma lacuna importante.

E as pós-graduações?

As especializações continuam crescendo, com destaque para áreas como:

  • Investigação de Ocorrências Aeronáuticas

  • Fatores Humanos Aplicados à Segurança de Voo

  • Gestão Estratégica em Aviação

  • Perícia Técnica e Direito Aeronáutico

  • Gestão de Operações com RPAs

Esses cursos ajudam a consolidar um perfil profissional multidisciplinar, capaz de atuar dentro e fora da cabine.

Conclusão: vale ou não vale a pena?

Sim, vale a pena cursar Ciências Aeronáuticas — não apenas para quem sonha com a linha aérea, mas especialmente para quem deseja se destacar na aviação geral, onde a capacidade de gerir com eficiência, conhecimento técnico e visão estratégica faz toda a diferença.

Mais do que voar, o piloto do século XXI precisa entender de sistemas, de regulamentação, de performance operacional e, sim, de novas tecnologias como os drones, que são parte integrante do futuro (e do presente) da aviação.

Porque voar bem é essencial. Mas entender o que está por trás do voo é o que torna o profissional verdadeiramente completo.

✈️ Sobre o autor

Marcus Silva Reis é piloto, graduado em Ciências Econômicas e pós-graduado em Ciências Aeronáuticas, Segurança da Aviação Civil e Docência do Ensino Superior. Atua como perito judicial em aviação por demanda do Poder Judiciário.

Foi coordenador do curso de Ciências Aeronáuticas, professor universitário e é membro fundador do Instituto do Ar no Rio de Janeiro, onde permaneceu por 19 anos à frente da formação acadêmica de novos profissionais do setor. Iniciou sua jornada profissional como instrutor do Skylab, no Rio de Janeiro, ministrando instruções práticas e teóricas.

Atualmente é editor do blog Instituto do Ar, atua como mentor na orientação da formação profissional de pilotos, e desenvolve conteúdos educacionais para universidades. Acompanha de perto a evolução do ensino aeronáutico desde a década de 1990, com uma visão crítica, multidisciplinar e comprometida com a qualidade da formação na aviação brasileira.

Um comentário:

  1. Gostei do texto, explicativo e sucinto, e interessante.
    Particularmente, acredito que o caminho seja dissociar o conceito acadêmico do conceito técnico.
    Deixar a formação de tripulantes técnicos e de cabine no âmbito ANAC, e levar para an academia os níveis administrativos, econômicos, organizacionais, estruturais.
    A profissão está consagrada ao modelo técnico.
    Jamais será uma formação de nível superior contemplando tripulações.
    Deve-se restringir a formação acadêmica ao pessoal ligado à áreas estruturais e administrativas, legislação, logística, gestão, indústria, mercado, vendas, malhas e complexos geográficos, etc…
    Currículos Acadêmicos longos e complexos, não encontram resposta na necessidade do rápido apronto e absorção da mão de obra na Aviação Civil que de forma factual, não carece de conhecimento estrutural e acadêmico profundo.

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Marcuss Silva Reis