O que aconteceu no voo United 173
No dia 28 de dezembro de 1978, o voo United Airlines 173, operado por um McDonnell Douglas DC-8-61, decolou de Denver com destino a Portland, Oregon, transportando 181 passageiros e 8 tripulantes.
Durante a aproximação final, a tripulação percebeu um problema no trem de pouso direito, cujo indicador não confirmava o travamento. O capitão Malburn McBroom decidiu permanecer em espera, circulando a baixa altitude, enquanto tentava resolver a pane e preparava a cabine para um possível pouso de emergência.
O erro fatal
Enquanto o comandante concentrava quase toda sua atenção no trem de pouso, os níveis de combustível começaram a cair perigosamente.
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O primeiro oficial e o engenheiro de voo mencionaram o problema algumas vezes, mas sem firmeza suficiente para contrariar o capitão.
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Presos a uma cultura de hierarquia rígida na cabine, os copilotos hesitaram em impor suas preocupações.
Após quase uma hora em órbita, os motores começaram a falhar por falta de combustível. O DC-8 caiu em uma área residencial a cerca de 10 km da pista de Portland. O acidente resultou em 10 mortes (2 tripulantes e 8 passageiros) e 179 sobreviventes.
As causas identificadas
O relatório final do NTSB apontou como fatores principais:
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Foco excessivo em uma única pane (trem de pouso).
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Gestão ineficaz de tempo e combustível.
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Comunicação falha e ausência de assertividade da tripulação.
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Autoridade incontestável do comandante, limitando a intervenção dos copilotos.
O legado: nascimento do Crew Resource Management (CRM)
O acidente de Portland foi o marco inicial para a criação do CRM (Crew Resource Management), que transformou a aviação.
O CRM passou a ser implementado em companhias aéreas do mundo todo, trazendo princípios como:
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Comunicação clara e padronizada entre tripulantes;
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Assertividade dos copilotos e comissários em situações críticas;
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Trabalho em equipe no gerenciamento da cabine;
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Consciência situacional para manter foco no todo e não apenas em uma pane.
Conclusão
O acidente do United Airlines 173 em Portland (1978) mostrou de forma dolorosa que a comunicação e a gestão de recursos humanos na cabine são tão vitais quanto a tecnologia da aeronave.
O caso é lembrado como um divisor de águas: a partir dele, nasceu o Crew Resource Management (CRM), um dos pilares modernos da segurança de voo.
Hoje, graças às lições aprendidas em Portland, pilotos, copilotos e comissários têm a consciência de que a hierarquia não deve silenciar a segurança, e que cada voz na cabine pode salvar vidas.

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Marcuss Silva Reis