No dia 14 de julho de 2022, um Cessna P210N, matrícula N731BJ, caiu próximo a Buffalo, Wyoming (EUA). O acidente resultou em duas mortes e trouxe à tona um risco recorrente na aviação: a decisão de prosseguir em VFR (voo visual) dentro de condições IMC (meteorológicas de voo por instrumentos).
O voo
O piloto, experiente, com mais de 4.000 horas totais de voo, decolou em um voo de navegação sob regras VFR. Segundo os dados do ADS-B, a aeronave atingiu 17.450 pés de altitude e permaneceu em cruzeiro por pouco mais de nove minutos.
De repente, os registros mostraram uma sequência crítica:
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Uma descida de 2.050 pés em 12 segundos;
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Uma breve recuperação de 175 pés;
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Uma queda abrupta de 1.075 pés em apenas 4 segundos, equivalendo a uma taxa de descida de cerca de 12.000 pés por minuto.
Poucos instantes depois, os sinais cessaram.
O som antes do impacto
Uma testemunha, localizada a cerca de 4 milhas do local do acidente, relatou que o motor soava normal até que ouviu um over-rev (sobre-rotação), seguido pelo estrondo do impacto.
Equipes de combate a incêndios florestais encontraram os destroços em terreno montanhoso e de difícil acesso, após serem acionadas para atender a um foco de incêndio causado pela queda.
O encontro com a turbulência
Análises meteorológicas, incluindo dados de High-Resolution Rapid Refresh (HRRR) e imagens de satélite, mostraram que a aeronave provavelmente enfrentou condições IMC associadas a turbulência convectiva moderada a severa nos minutos finais do voo.
A investigação constatou que 65 polegadas da ponta da asa direita não foram localizadas entre os destroços, evidência consistente com uma ruptura em voo.
Sem falhas mecânicas identificadas, a conclusão foi clara: a estrutura da aeronave não resistiu às forças impostas pela turbulência severa.
Lições para a segurança de voo
O acidente do Cessna P210N nos lembra de alguns pontos cruciais:
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Limites do VFR: voar visual em áreas de instabilidade convectiva é assumir riscos elevados de desorientação e perda de controle.
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Turbulência convectiva: células de tempestade podem gerar forças além da tolerância estrutural da aeronave.
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Ruptura em voo: quando a carga aerodinâmica excede os limites, mesmo aeronaves bem mantidas podem não resistir.
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Decisão do piloto: escolher prosseguir em condições adversas foi o fator central do desfecho.
Conclusão
A causa provável apontada foi a decisão de continuar em voo VFR para dentro de condições IMC localizadas, levando ao encontro com turbulência convectiva, perda de controle e ruptura estrutural em voo.
Trata-se de um lembrete duro: a meteorologia não perdoa. Na aviação, respeitar os limites das regras de voo e entender os riscos das formações convectivas pode ser a diferença entre pousar em segurança e não retornar.

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Marcuss Silva Reis