O que é Aviação Regional?
A aviação regional é o segmento do transporte aéreo responsável por conectar cidades pequenas e médias a centros urbanos maiores, por meio de voos de curta e média distância. É uma ponte fundamental para regiões fora dos grandes hubs aéreos, utilizando aeronaves de menor capacidade e operando em aeroportos regionais.
No Brasil, onde o território é vasto e as distâncias são continentais, a aviação regional tem potencial estratégico. No entanto, esse segmento ainda enfrenta diversos desafios para se consolidar como solução logística e de mobilidade nacional.
Qual é a importância da aviação regional no Brasil?
A importância da aviação regional vai muito além do transporte de passageiros. Ela é uma ferramenta essencial para:
✅ 1. Integração nacional
Conecta regiões distantes ou de difícil acesso, promovendo inclusão e mobilidade.
✅ 2. Fomento ao desenvolvimento local
Estimula o comércio, o turismo, o agronegócio e a atração de investimentos em cidades fora do eixo principal da aviação comercial.
✅ 3. Atendimento a necessidades emergenciais
Permite transporte aeromédico, escoamento de produção perecível, deslocamento de equipes técnicas e até ações de defesa civil em situações críticas.
✅ 4. Descongestionamento dos grandes aeroportos
Ao oferecer voos diretos entre cidades médias, reduz a dependência dos principais hubs, como Congonhas, Guarulhos ou Brasília.
Por que a aviação regional brasileira não se desenvolve?
Mesmo com sua importância estratégica, a aviação regional no Brasil enfrenta uma série de obstáculos, muitos deles antigos e estruturais. Abaixo, os principais:
🔻 1. Alto custo operacional
O combustível (QAV), leasing de aeronaves, taxas aeroportuárias e manutenção tornam os voos regionais caros — especialmente com baixa ocupação de assentos.
🔻 2. Falta de escala
As cidades atendidas muitas vezes têm pouca densidade de passageiros, o que inviabiliza operações comerciais sustentáveis sem subsídio.
🔻 3. Infraestrutura deficiente
Muitos aeroportos regionais têm pistas curtas, ausência de balizamento noturno, falta de terminal adequado e sistemas de navegação limitados.
🔻 4. Carga tributária elevada
O ICMS sobre o combustível de aviação varia de estado para estado e ainda não foi harmonizado, o que encarece ainda mais as rotas regionais.
🔻 5. Falta de políticas públicas duradouras
Programas como o Voa Brasil, o Programa de Aviação Regional ou incentivos pontuais aos aeroportos não têm continuidade ou previsibilidade.
O que precisa ser feito para a aviação regional crescer?
Para que a aviação regional possa cumprir seu papel estratégico, é necessário:
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📌 Criação de subsídios inteligentes, com base em dados de demanda e viabilidade econômica (como o modelo europeu de PSO – Public Service Obligation);
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📌 Investimento público e privado em infraestrutura aeroportuária regional;
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📌 Unificação da alíquota de ICMS sobre o QAV, com incentivos para voos regionais;
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📌 Incentivo à operação com aeronaves menores e mais eficientes;
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📌 Integração com o transporte terrestre e rodoviário para formar corredores multimodais.
Conclusão
A aviação regional brasileira é uma solução subutilizada, apesar de seu enorme potencial para transformar a mobilidade no país. Em um território tão extenso como o Brasil, não é possível pensar em desenvolvimento equilibrado sem transporte aéreo eficiente fora das capitais.
É preciso que governos, companhias aéreas, operadores aeroportuários e a sociedade civil tratem a aviação regional como parte estratégica da malha nacional de transporte, e não como um setor marginal.
Com incentivos adequados, planejamento inteligente e vontade política, a aviação regional pode — e deve — decolar de vez no Brasil.
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✍️ Marcuss Silva Reis
Economista, piloto e professor de Ciências Aeronáuticas

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Marcuss Silva Reis