Introdução
O voo Acidente do voo Air France 447 (AF 447), operado pela Air France, decolou de Rio de Janeiro–Galeão (Brasil) com destino ao Aeroporto de Paris‑Charles de Gaulle (França) na noite de 31 de maio / 1º de junho de 2009. A bordo estavam 216 passageiros e 12 tripulantes, totalizando 228 pessoas. Wikipedia+2Kreindler & Kreindler LLP+2
Durante o cruzeiro sobre o Oceano Atlântico, em uma área fora de cobertura completa de radar, a aeronave se acidentou, resultando na morte de todos os ocupantes. Wikipedia+2Woods Hole Oceanographic Institution+2
Este evento tornou-se um dos estudos de caso mais citados de falha de sistema pitot-estático, decisões de voo, automatização e fatores humanos em aviação.
Cronologia do voo e o que aconteceu
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A aeronave — um Airbus A330‑203 matrícula F-GZCP — decolou do Rio de Janeiro com destino a Paris. Wikipedia+2Wikipedia+2
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Durante a fase de voo de cruzeiro, encontrou uma zona de turbulência convectiva típica da região intertropical, com provável formação de cristais de gelo em altitudes elevadas. Wikipédia+2Medium+2
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Por volta das 02 h 10 UTC, ocorreram falhas nas indicações de velocidade (airspeed) devido ao bloqueio dos tubos pitot por cristais de gelo, segundo a investigação. Isso levou à desconexão automática do piloto automático e à mudança do sistema de controle para modo degradado (“Alternate Law”). PMC+1
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A tripulação assumiu controle manual em condições adversas, porém, conforme os dados das caixas-pretas indicaram, não reconheceu adequadamente a entrada em estol (stall) da aeronave. Durante aproximadamente 3 minutos e 30 segundos a aeronave permaneceu em condição de estol até o impacto no oceano. AeroTime+1
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A última posição registrada precede o impacto, que ocorreu no Atlântico a cerca de 3 800 m de profundidade. O achado das caixas-pretas só se concretizou quase dois anos depois. Wikipédia+1
Causas identificadas
A investigação conduzida pelo Bureau d’enquêtes et d’analyses pour la sécurité de l’aviation civile (BEA) apontou os seguintes fatores principais:
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Falha dos tubos pitot: os sensores de pressão pitot ficaram obstruídos por cristais de gelo, originando leituras de velocidade inconsistentes. Wikipédia+1
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Automação e mudança de lei de controle: com leituras de velocidade inválidas, o piloto automático desconectou-se e o sistema entrou em modo “Alternate Law”, reduzindo as proteções automáticas que normalmente evitam estol ou manobra excessiva. WIRED
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Fatores humanos e de equipe: a tripulação, diante das condições adversas, não aplicou corretamente o procedimento de perda de velocidade/estol, nem controlou o ângulo de ataque elevado de forma eficaz. PMC+1
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Ambiente de voo e condições meteorológicas: a rota estava em uma zona de convecção, com turbulência e formação de gelo, o que amplificou a complexidade da situação. Medium+1
Lições para aviação geral e segurança de voo
Para seu público — pilotos, alunos, entusiastas de aviação geral e segurança — algumas lições críticas decorrem desse acidente:
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A confiabilidade dos sensores de velocidade (tubo de pitot, sistema pitot-estático) não pode ser subestimada. Uma falha nessa parte básica pode desencadear sequência de eventos catastróficos.
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Conhecimento manual do avião é fundamental: mesmo em aeronaves altamente automatizadas, o piloto deve estar preparado para assumir controle e manejar condições fora de rotina.
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O entendimento completo dos modos de voo automatizados (leis de controle, envelope de voo) e seus comportamentos sob falha é essencial.
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Treinamento para situações de voo em altitude de cruzeiro, com falha de indicação de velocidade ou outros sensores críticos, deve ser buscado e valorizado.
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O acidente demonstra que situações inesperadas (como gelo em sondas pitot) podem ocorrer independentemente do tipo ou idade da aeronave — mesmo em aeronave moderna e operacionalmente bem utilizada.

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Marcuss Silva Reis